“Bom dia”, diz ela. Me fita com aqueles olhos dissimulados. Ainda
ontem me evitava e hoje está aqui despida de arrependimentos entre os meus
lençóis e sem nenhuma promessa.
Até parece que não sei
a enrascada que ela é, mas ainda não aprendi negar ao seu pecado doce. Não sei
e bem no fundo não quero.
Ceder aos seus caprichos virou minha mania necessária que funciona
conforme ela quer. Assinei meu status de disponibilidade que tem hora e dia
para começar, no entanto nunca se finda... Essa danada me manda e desmanda sem pedir licença.
Ainda são quatro da manhã quando
o meu telefone toca e antes mesmo de olhar a tela, já sei quem é. Mais parece
um sonho que aos poucos muda de cor e aos poucos se torna um
daqueles pesadelos de perseguição que insiste em nos assombrar.
“Alô”. Do outro lado da linha
nenhuma pergunta e muito menos satisfações.
Ela mia, geme e faz
promessas. E, eu? Ah. Eu acredito. Não pergunto de onde vem ou quem quem vai. Apenas devoto saudades e busco aquelas fantasias
que mais se parecem migalhas jogadas pelo chão da casa que trilham um caminho
de pecados onde preciso for.
Meu ponto fraco é aquele pedaço de mulher e ela sabe
me controla. Assim, voltamos mais uma vez para os
meus lençóis, nosso gozo, suor e desejos compartilhados...
Nossa paixão é pragmática. Depois de uma noite louca, ela se veste olhando pra mim, toma café, me beija demoradamente me deixando um gosto de pasta dental e vai embora.
Fácil e descomplicado assim. Sua tortura é lenta, mas certeira.
Minha vontade é pedir para que ela
fique. Mas como bem sei em outra madrugada ela volta. Ela sempre volta. E nesse
dia quem sabe ela não queria mais me deixar.
x