terça-feira, 9 de abril de 2013

Aquela Morena




      Sabe Doutor, em uma dessas noites de bar com os amigos, eu a vi! Ela estava tão perto que quase pude sentir o seu perfume adocicado. Deixei o copo sobre a mesa e sem pensar em nada sai andando em sua direção guiado apenas pelos seus lábios vermelhos de batom, mas congelei antes mesmo que o seu nome pudesse sair pela minha boca... 

    Sem perceber a minha presença, ela sorriu, tirou o cabelo do rosto e segurou a mão de outro cara. Um amigo? Talvez! Continuei andando, fechei os punhos e senti uma gota de suor gelado percorrer todo meu rosto. Enquanto eu negava que ela estava com outro. Um beijo. (Mal sabia aquele cara que sua vida esteve por um fio durante alguns segundos.) 

 Aos poucos a raiva e a tristeza foram dando lugar a pena... Pena de mim mesmo, por não ser mais o homem que segurava o seu mundo nos braços. Em meio aquele instante decisivo de testosterona exaltada, ódio e raiva ela o abraçou como se a sua vida inteira dependesse daquele único gesto. 

     Não precisei de mais nada. Fui embora sentindo saudade de quando éramos um do outro de corpo e alma, às vezes mais corpo do que alma, outras vezes mais alma do que corpo. Ninguém pode prever o futuro.

   Ainda que o destino estivesse a nosso favor, nos desencontramos entre essas esquinas que mais dias ou menos dias a vida nos obriga a dobrar. Deixei ela ir... Pra falar a verdade ela quem foi... E a culpa foi minha!
        
      As lembranças ficaram. E cada fio de saudade me dói um pouco mais. Me lembro que ela chorava assistindo filme de comédia, fazia um macarrão com queijo como ninguém. Gostava de andar pela casa de calcinha. Preferia uma cerveja gelada aos fins de semana, mas se derretia no fim da noite com um bom vinho. Colecionava livros em uma prateleira e adorava gatos.

       Entre um cafuné e outro ela se transformava. Se aninhava no meu colo encanto procurava o meu abraço. Fazia manha e tirava todo o meu amor sem nenhum esforço. Você nem imagina o quanto os meus dedos eram felizes quando se perdiam entre seus cabelos, mechas e pelos.

      Dormir ao seu lado era uma tortura. Quem queria dormir com todo esse gingado nos braços? Sua nuca falava, seus pés me procuravam a noite toda e o seu corpo se enroscava no meu com uma perfeição que eu ainda me pergunto: "Quando foi que ela desenroscou do meu chamego?"

       
Um beijo no nariz de bom dia e outro na coxa direita, só pra fazer ela ficar comigo mais um pouquinho na cama pra gente se amar como se todos os dias fossem domingo. 
       Aquela morena me tirava do sério quando gritava por qualquer bobagem e me enlouquecia mais ainda quando falava baixinho no pé do meu ouvido. 

      Se eu a amava? O que você acha Doutor? Ainda amo... Mas parece que a gente só entende o que tem nos braços, quando as pernas se perdem por outras ruas e esquecem o caminho de casa.                                                                               

terça-feira, 2 de abril de 2013

Até logo, amigo!



      "Vai ficar tudo bem!”. Eram as palavras que repetíamos em cada abraço de conforto. Abraços que pareciam faltar um pedaço. Abraços que ainda não queriam acreditar que nunca mais encontrariam os seus... 
       Os olhares pareciam perdidos. As cabeças balançavam em sinal de negação. Amigos que outrora estavam juntos e que agora permaneceriam juntos de outra forma.
       Entre um sorriso amarelo e lágrimas inconformadas, inevitavelmente falávamos das lembranças boas que você deixou. Inúmeras lembranças de um tempo que não voltaria mais. Lembranças que parecia ganhar vida por um minuto e que aos poucos amargavam a boca. 
        A vida estava apenas começando e de uma hora para outra você partiu feliz sem se despedir. Engolimos a seco a nossa dor e com os sentimentos em frangalhos entregamos a Deus mais um anjo.
     Pontos de interrogação pairavam sem respostas na tentativa de justificar a falta e confortar a saudade. Ah a Saudade! Toda aquela saudade ganhava voz dentro do peito abafando uma risada gostosa que vinha do céu. 
      Um último adeus ou seria um até breve?
     Acalma coração "está tudo bem!”. Eram as palavras que todos queriam ouvir naquele momento e nos dias seguintes, mas o que se ouvia era apenas o silêncio escorrendo pelos nossos olhos.