sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Parabéns e Eticéteras

 
     Mais um ano vai voando pelos olhos com vontade própria e a teimosia de um velho, saindo de cena carregado pelo pôr do Sol fechando com chave de ouro vários dias felizes e outros nem tanto.
    Quem ouve tanta lamúria em poesia barata deve até acreditar que tenho uma profunda paixão pelo presente ou que cultivo eternas saudades do passado. Até pode ser, mas meu problema maior é com o futuro e as suas incertezas que nunca me fizeram feliz e nem sabe tranquilizar minha ansiedade.
   Ainda não vejo algo que mereça comemoração. Vinte anos e muitos dias ou quem sabe meses e tenho apenas sonhos coloridos, uma família guerreira, um amor de verdade, suor e promessas bem feitas.
    Pensando bem...
... Meus PARABÉNS, em forma de flores para contemplar esse jardim aparentemente novo carregado de rosas, laranjeiras, girassóis e espinhos.
   Anjos e Arcanjos já devem conhecer de cor e salteado todas as minhas preces e pedidos de não viver um inferno astral eterno que transforma a minha vida em um purgatório.
   Então rezo todos os dias para que eles me ouçam, junte toda essa energia positiva em uma caixa com um belo laço vermelho e joguem direto na minha cabeça.
   Não que eu esteja reclamando do peso da minha cruz, porque sei que Deus conhece o tamanho da minha força e que mesmo às vezes merecendo não me deixará sozinha nunca!

Feliz Aniversário

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tarsila


   Namorar Tarsila não era nada fácil.
  Dias difíceis ao lado daquela mulher tinhosa.
  Discutíamos por tudo, de tudo e com tudo. Se concordava com seus devaneios, ela estranhava. Se discordava, ela reclamava. A verdade é que Tarsila nunca estava satisfeita. 
 Esquecer alguma data importante era a morte. Não reparar um corte de cabelo novo era inaceitável.   Se demorava na peladinha de sábado com os amigos, a briga era certa.
  Pratos sempre voavam com seus nervos. Dias difíceis ao lado daquela mulher tinhosa.
   Quando não te contava detalhes do meu dia, lá vinha Tarsila colocar a culpa da minha falta de carinho na secretaria "gostosa" (Coitada da Dona Dasdores viúva e mãe de 5 filhos).
Mandava flores em um dia qualquer. Ela já torcia o nariz e pensava besteiras.
 Mexia na minha agenda, lia meu email, atendia meu celular. Minhas juras de amor nunca foram suficientes pra ela.
  Dias difíceis ao lado daquela mulher tinhosa.
  Até que depois de dormir mais uma noite no sofá fiz as mala e resolvi deixar aquele inferno.
 Abri a porta e lá estava ela preparando nosso café com aqueles olhos penetrantes e amendoados. Deus como Tarsila conseguia ser assim tão linda e doce pela manhã?
 Uma bandeja cheia e mais um bilhete de desculpas escondiam seus olhos marejados de lágrimas. Minha vontade era beija - lá e ficar, mas namorar Tarsila não era coisa fácil e eu já sabia muito bem.

 Não me pediu pra ficar. Pra lhe ser franco Tarsila não disse uma palavra. No fundo acho que ela sempre soube que o fim mais cedo ou mais tarde era inevitável.
Um louco amor enquanto durou, mas acabou... Restou apenas a saudade da minha intensa Tarsila.
Dias difíceis sem aquela mulher tinhosa.