sábado, 27 de fevereiro de 2010

DESPEDIDA

Desta vez não foi possível adiar. As malas estão feitas sobre a cama. E o sabor da despedida aos poucos amarga a boca.
Medo de um futuro incerto. Uma saudade de ser apenas criança. Dor da perda de algo que nem era seu. Tudo passa pela sua cabeça em uma desordem que para ela se encaixa perfeitamente.
Pensando bem ficar a deixaria maluca.
Porém partir a deixa em pedaços.
Ela quer ser apenas mais que um erro e tentar provar pra si mesma que a vida pode sim ser boa como parece.
Momentos felizes partirão com ela, já que os tristes nunca a deixaram.
Uma sensação de que poderia ser melhor a invade e transborda em seus olhos, mesmo sabendo que sempre deu o seu melhor para todos.

Não pensar, apenas viver acreditando que um dia tudo se ajeita.
É... Desta vez não foi possível adiar o horário da partida.
Está cada vez mais próximo o novo caminho que ela tanto previa.
Então ela tenta fazer da despedida uma forma de acreditar em um retorno e que ao voltar tudo será como antes.

Mas até lá para não ser surpreendida o jeito é ir matando a esperança aos poucos e padecer precipitadamente devagar como ela sempre fez.

Torcendo para que desta vez seja sim diferente.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

TE AMO

Eram apenas crianças crescidas.
Ela com seu orgulho exacerbado não permitia ser feliz.
Ele com os hormônios a flor da pele queria apenas a liberdade.
Ela tinha mais o que pensar. Responsabilidade demais para uma garota de dezessete anos. Uma adulta precoce.
Ele não queria pensar em nada. Se permitia apenas seguir a maré e viver intensamente.
Tinham os mesmos amigos. Estavam sempre nos mesmos lugares, mas nunca se viram nem trocaram uma palavra.
Não brincavam com os sentimentos alheios, apenas não estavam preparados para abrir o coração de verdade.
Mas entre o destino de imprevistos bizarros e situações engraçadas se conheceram.
A semelhança de personalidade era notável.
A aproximação entre eles foi inevitável e o interesse foi recíproco.
Mudanças e transformações tanto externas quanto internas foram feitas naturalmente para que um relacionamento mais intenso surgisse.
A imaturidade deu lugar a sensatez.
A individualidade deu lugar a compreensão.
Imprevistos e dificuldades surgem, mas o companheirismo e o dialogo são a base que eles semearam desde o principio.
Perfeito? Talvez.
Se foram felizes pra sempre? Não se sabe, pois ainda estão escrevendo as paginas desta historia que está apenas começando.




ADULTÉRIO

Madrugada de domingo em um bairro silencioso, com vizinhos amáveis.
Um portão se abre e um homem caminha solitário pela rua 38.
Passos calmos, mas alerta chamam a atenção apenas dos cachorros que fazem da noite uma festa.
Em frente a uma casa amarela ele para. Se abaixa e alcança uma pedra. Levanta com os olhos fixos na janela branca. Hesita. Respira fundo e acerta o vidro de um modo que faça apenas barulho, cortando o silêncio que ali se mantinha.
Paralisado em frente a casa ele aguarda alguma coisa.
A luz do quarto acende e paga duas vezes. Um sinal.
Uma alegria visível o toma. Dá alguns passos até a porta e aguarda.
Uma silhueta feminina surge por entre a escuridão e sorri.
Entre um abraço terno e um beijo avassalador os dois desaparecem por entre a casa.
Uma paixão proibida com um gosto de pecado, mas afinal amar não é divino?
Antes de raiar o dia a porta da casa amarela se abre.
O homem sai com um ar preocupado. Olha para a janela branca e segue seu caminho pelo bairro silencioso de vizinhos amáveis na rua 38.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

DUPLA PERSONALIDADE

Uma menina amável. Sempre com um sorriso estampado de orelha a orelha.
Sua doçura conquista sem palavras. Um rosto angelical, mas com olhos felinos e desconfiados.
Uma ingenuidade forçada a recobre e deixa a mostra apenas uma fraqueza que ela realmente não tinha.
Sua defesa?Talvez! Quem sabe?
Um circo bem armado seria a resposta.
Iludir é um jogo que ela consegue sem esforços.
Mas apesar do truque perfeito as máscaras sempre caem e com ela se vai à menina indefesa e delicada que ali nunca existiu.
Uma mulher decidida e equilibrada de certo modo, toma seu lugar e se mostra tão der repente quanto uma chuva fina de verão.

Seu perfume hipnotiza mais que a meiguice ali mantida.

Os lábios sempre vermelhos são a sua marca registrada.
Sua metamorfose é o encanto. Essa inconstância é a sua maior diversão.
Agora cabe a você reconhecer onde está essa menina cheia de ternura e aonde se esconde está fascinante mulher!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

AMOR PLATÔNICO

Os defeitos já são visíveis para ambos. A um mês atrás nada os incomodavam.
Até mesmo a cara feia quando ela ficava brava para ele era interessante.
A falta de cuidado dele a algum tempo era uma personalidade marcante para ela, hoje não passa de desinteresse masculino.
A fragilidade que ela mantém não é mais tão atraente para a testosterona dele, mas em alguns dias atrás os pensamentos eram diferentes.
A virilidade dele a atraia instantaneamente, mas hoje não é tão sedutor como lhe parecia.
Os olhos viam somente a perfeição, agora apenas se abriram.
A paixão a primeira vista se acaba do mesmo modo que começa. A sedução se transforma em carinho que é cultivado dia após dia.
E mesmo parecendo um clichê romanesco, resta a cada UM aprender a ser DOIS e conseguir enfim entender o verdadeiro significado de AMAR.

DIA DE SORTE

Mais um dia começa. O sol a toca pela fresta da janela com um beijo quente.
Ela desperta irritada, pois sabe que o alarme não tocou na hora prevista.
Um ar cansado. Uma palidez natural de alguma doença psicológica. Olhar rápido no relógio. Cara amassada. No espelho ela encontra mais uma ruga, de preocupação talvez.
Seu humor mais parece com o amargo do café que certamente foi mal tomado para compensar o atraso que será inevitável.
Pé esquerdo ao sair de casa e o direito cai direto em uma poça d' agua que registra a chuva fina da madrugada de sexta.
Certamente não é um bom dia pra ela!
Uma conferida na carteira na esperança de ter dinheiro e pegar um táxi. Algumas moedas, documentos, um patuá e um extrato do banco que já faz algum tempo que consta negativo.
O jeito é tomar um ônibus no centro que certamente está lotado.
Em meio ao seu dialogo interno um pensamento otimista passa pela sua cabeça e lhe arranca um sorriso discreto.
_ Não é tão ruim! Poderia ser uma bendita segunda-feira.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O PORTA RETRATO

O fim é inevitável quando algo começa, porem nunca esperamos o termino ao preparar a alma para a eternidade.
Sobre o criado mudo uma foto lembra que naquele rosto já esteve presente um sorriso sincero.
Os olhos inchados mostram que a noite foi longa pra ela.
Lenços de papel sobre a cama reflete que sua companhia foi nada mais que lágrimas.
O frasco de calmante jogado no chão explica a cena de um corpo esticado sem conforto na poltrona.
Solidão. Quem sabe um passeio depois de dias dentro de casa a tire daquele mundo de lembranças felizes com um final lamentavelmente triste.
Enfim ela sai da toca. caminha pela praça. Toma um sorvete. Senta e observa as crianças brincarem no balanço.
Sem querer os pensamentos de culpa e fracasso retornam para sua cabeça.
Um olá desconhecido e tímido trá ela de volta para a realidade. Com um ar de coração partido em meio a suspiros ele a faz companhia no banco de praça.
Olhar envolvente dele. Uma inspecção minuciosa e interessada por ela. Sorrisos de afeto. E o ciclo retoma novamente.
Vivemos o presente para um futuro incerto onde nada é tão triste que não possa ser superado.
O que se sabe é que aquele porta retrato sobre o criado mudo continua o mesmo, mas a foto...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Revendo Conceitos

Não quero mais contar historias engraçadas pra ti alegrar. Nem ser apenas sorrisos falsos por ai.
Já me dói chorar sozinha toda noite procurando o que eu era.
Me diz qual o sentido de contar piadas ultrapassadas e ouvir um jazz que eu nem gosto?
E pra quê? Apenas pra você ser feliz alguns instantes. E eu?
Já não convêm estar em rodas onde as conversas são banais. Já não me satisfaz beber apenas para ver meu fim.
Espero verdades em abraços e olhares. Quero ser apenas uma mulher, porque continuar a ser esta menina sinceramente cansei!