terça-feira, 30 de março de 2010

AMOR INSTANTÂNEO

Ele a deixa em casa como sempre fez.
Ela o beija com a mesma ternura.
Mas algo diferente encobre aquele amor tão perfeito.
O doce parece faltar açúcar.
Impressão ou o tempero desandou de vez?
O juízo de um amor sem sentido parece acordar aos poucos.
Sem palavra alguma se intendem em olhares dispersos.
Ela pensa. Abaixa a cabeça e diz:
_ É o fim?
Se olham alguns instantes com a sensação que tudo acabou tão rápido, mas não lamentam nem justificam.
Sem uma resposta concreta apenas com lágrimas forjadas de ambas as partes ela sai do carro.
Com sorrisos amarelos e reluzentes se despedem com um aceno de adeus.
Para eles tudo durou apenas o necessário.
Nada acrescentado. Quem sabe somente perdido!

domingo, 28 de março de 2010

MINUTO DE SABEDORIA

Raiva! É isso que ela sente ao olhar no espelhos e ver lágrimas em vão .
Seria bem mais fácil não ter um coração para assim minimizar a dor de sempre fazer escolhas erradas.
Ser infeliz não é o que se espera depois de anos pensando positivo.
Um abraço com ternura e palavras de conforto a distanciaria desta redoma com vozes estranhas e pessoas inexistentes.
O segredo de sua sanidade é ser simples. O seu equilíbrio depende apenas da serenidade da mente.
Sempre existe uma saída para qualquer problema, por mais complexo e difícil que nos pareça.
Acredita-se que um dia ainda vamos descobrir que a saúde da alma está na alegria e no otimismo do amanhã bem aproveitado no dia de hoje.
Ao menos é isso que ainda espero...

domingo, 21 de março de 2010

DÚVIDA

O telefone toca com uma insistência irritante.
Um número que para ela a muito tempo foi esquecido ressurge inesperadamente.
O coração dispara. As pernas tremem.
Afinal, boa coisa não seria aquela hora da noite.
Enquanto o telefone persiste em tocar, dúvidas e curiosidades se misturam a pensamentos tristes que estavam enterrados junto a um passado mal resolvido.
Atender ou ignorar?
Dizer um olá e matar a saudade não vai acrescentar nada nessa historia complicada.
Trazer a tona ressentimentos antigos são desnecessários para ela naquela noite.
Após colocar a vontade de esclarecer o que não foi em uma balança interior a sensatez enfim fala mais alto.
Ela tira o telefone do gancho. Senta no sofá. Enrola uma mecha de cabelo na tentativa de confirmar para si mesma que não vale a pena viver de passado.
Tentar reviver o que não deu certo sinceramente não faz sentido, mas quem garante que tentar de novo não pode estar no seu futuro?

quarta-feira, 17 de março de 2010

PONTO DE FULGA

Ela trás em sua natureza insana mais mistérios que a lua, afinal ser igual a todos não é seu estilo de vida preferido.
O comodismo de ter um humor novo a cada dia altera sua personalidade fraca e sem sentido.
Mesmo assim, aquela sensação de estar sozinha a enlouquece mais uma vez.
Por sentir ser mais uma em meio a multidão seu humor negro oscila com o clima.
Talvez por não saber lidar com olhares alheios, diariamente vários julgamentos incabidos são feitos por ela apenas pelo simples prazer de decifrar coisas comuns aos olhos de estranhos.
Ao ser mal compreendida pelo seu inconsciente se sente diferente dos seres humanos tão comuns quanto ela.
Finalmente, ela acredita que esse seu jeito de ver através das pessoas dificultando as coisas mais simples é somente sua defesa de passar o tempo esquecendo o dia ...
ou quem sabe até mesmo a vida!
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sexta-feira, 12 de março de 2010

TARDE

Um fogo controlado apenas pela culpa de não estar como deveria.
Uma vontade que sufoca mais que a despedida não realizada.
O adeus dito por ela sem pensar agora martela o coração em ritmo de soluços contidos.
O arrependimento é bem maior que aquela foto guardada com cuidado no baú.
Saudade de um amor dissimulado, mas que para eles de certa forma era verdadeiro.
Em meio joguinhos de sedução e falta de dialogo sincero inesperadamente ele partiu com sua amargura sem motivo.
Longe de tudo, agora ela apenas se priva de gostar como antes.
Procuram hoje algo que sem saber já tinham e que juntos não descobriram como lidar.

CAPITALISMO SELVAGEM


O relógio foi banido de sua casa para que o tempo controle apenas seu organismo lento.
E mesmo assim os dias passam tão rápido quanto os segundos que perdemos em piscares de olhos desequilibrados.
A lentidão de um espaço exageradamente acelerado causa uma rotina notável que esconde o ânimo de qualquer expiração compartilhada e subjugada.
Culpa enfim, de cidades mecânicas que não sabem esperar as novas criações de pensamentos velhos.
Pensamentos que são produzidos simultâneamente por manequins frenéticos com programações sistemáticas de apenas acenar, sorrir e dizer Sim Senhor, Por Favor e Obrigado por não fazer nada!

terça-feira, 9 de março de 2010

SONHO

Mais suave que o normal ela se vira, estica e encolhe tentando dormir mais uma vez com uma esperança interna e desesperada de ir longe e ficar perto de novo.
Alguns minutos inquietos vão passando. O sono não a toma em seus braços acolhedores como era previsto. Então ela desperta com um sorriso falso, coração quente e os pés gelados.
Na boca um gosto diferente de um beijo conhecido. No ar um cheiro de pecado não consumado mas sentido.
Sua lamentação maior não é a falsa realidade vivida e sim antecipar uma dia triste apenas por sentir aquela saudade que dói tanto logo pela manhã.
Esquecer o motivo da agonia seria a solução, mas como esquecer se a dorzinha faz questão de ser tão presente quanto uma sombra?
Pelo menos enquanto não dormir e sonhar de novo ela fingi estar bem com sua felicidade sarcástica e um rosto de paisagem já vista outras vezes.