quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

ADULTÉRIO

Madrugada de domingo em um bairro silencioso, com vizinhos amáveis.
Um portão se abre e um homem caminha solitário pela rua 38.
Passos calmos, mas alerta chamam a atenção apenas dos cachorros que fazem da noite uma festa.
Em frente a uma casa amarela ele para. Se abaixa e alcança uma pedra. Levanta com os olhos fixos na janela branca. Hesita. Respira fundo e acerta o vidro de um modo que faça apenas barulho, cortando o silêncio que ali se mantinha.
Paralisado em frente a casa ele aguarda alguma coisa.
A luz do quarto acende e paga duas vezes. Um sinal.
Uma alegria visível o toma. Dá alguns passos até a porta e aguarda.
Uma silhueta feminina surge por entre a escuridão e sorri.
Entre um abraço terno e um beijo avassalador os dois desaparecem por entre a casa.
Uma paixão proibida com um gosto de pecado, mas afinal amar não é divino?
Antes de raiar o dia a porta da casa amarela se abre.
O homem sai com um ar preocupado. Olha para a janela branca e segue seu caminho pelo bairro silencioso de vizinhos amáveis na rua 38.

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