quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tarsila


   Namorar Tarsila não era nada fácil.
  Dias difíceis ao lado daquela mulher tinhosa.
  Discutíamos por tudo, de tudo e com tudo. Se concordava com seus devaneios, ela estranhava. Se discordava, ela reclamava. A verdade é que Tarsila nunca estava satisfeita. 
 Esquecer alguma data importante era a morte. Não reparar um corte de cabelo novo era inaceitável.   Se demorava na peladinha de sábado com os amigos, a briga era certa.
  Pratos sempre voavam com seus nervos. Dias difíceis ao lado daquela mulher tinhosa.
   Quando não te contava detalhes do meu dia, lá vinha Tarsila colocar a culpa da minha falta de carinho na secretaria "gostosa" (Coitada da Dona Dasdores viúva e mãe de 5 filhos).
Mandava flores em um dia qualquer. Ela já torcia o nariz e pensava besteiras.
 Mexia na minha agenda, lia meu email, atendia meu celular. Minhas juras de amor nunca foram suficientes pra ela.
  Dias difíceis ao lado daquela mulher tinhosa.
  Até que depois de dormir mais uma noite no sofá fiz as mala e resolvi deixar aquele inferno.
 Abri a porta e lá estava ela preparando nosso café com aqueles olhos penetrantes e amendoados. Deus como Tarsila conseguia ser assim tão linda e doce pela manhã?
 Uma bandeja cheia e mais um bilhete de desculpas escondiam seus olhos marejados de lágrimas. Minha vontade era beija - lá e ficar, mas namorar Tarsila não era coisa fácil e eu já sabia muito bem.

 Não me pediu pra ficar. Pra lhe ser franco Tarsila não disse uma palavra. No fundo acho que ela sempre soube que o fim mais cedo ou mais tarde era inevitável.
Um louco amor enquanto durou, mas acabou... Restou apenas a saudade da minha intensa Tarsila.
Dias difíceis sem aquela mulher tinhosa.

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